Vamos completar nosso passeio pela ORLA CONDE. Vamos pisar em terras onde também pisaram Imperadores, imperatrizes e muitos escravos.
Como chegar na Orla Conde?
A melhor forma de chegar na Orla Conde é usar o Metrô e o VLT.
Vá até uma estação do Metrô e pegue o trem da Linha 1, até a estação Carioca. Saia da plataforma seguindo as placas da Acesso A – Rio Branco. Ao sair da estação caminhe em frente até a rua principal e vire à esquerda. Na terceira rua à esquerda você vai encontrar a Parada Colombo do VLT linha 2. Pegue o trem sentido Praça XV e dessa na Parada Final. Você vai estar no ponto onde começa a nossa terceira e última parte de nosso passeio à pé pela Orla Conde, ou Boulevard Olímpico.
Você também pode ir de ônibus, mas para isso vai precisar da ajuda de um aplicativo. Aconselho que você baixe no seu celular o MOVIT. Ele localiza onde você está, indica onde fica o ponto mais próximo, a linha de ônibus que você precisa pegar e acompanha você durante a viagem, indicando, com um alerta sonoro, o ponto em que precisa descer.
Acompanhe no mapa onde ficam os pontos em destaque aqui na conclusão desse passeio. Os números entre parênteses no texto a seguir, estão marcados no mapa indicando a localização de cada atração.
Orla Conde. Um passeio pela História do Brasil.
Passando pelo Espaço Cultural da Marinha(1), chegamos à Praça XV de Novembro(2). Praça Quinze, para os cariocas.
Esta praça foi palco de muita história. No século XVI, foi o principal ponto de desembarque de escravos africanos na cidade. Em 1808, Dom João desceu do navio Príncipe Real, passou para uma galeota e desembarcou com a família Real no cais da Praça. Em 1888, aconteceram, aqui, as maiores comemorações pela assinatura da Lei Áurea. E, em 1889, foi aqui que a família Real embarcou para o exílio, após a proclamação da República.
Apesar dos prédios modernos, em volta da praça, várias construções da época do império estão preservadas, como as que estão marcadas na ilustração, de 1830, abaixo. Veja como era a praça naquela época e compare com as imagens atuais nas fotos abaixo. Clique na imagem para ampliar.
O Chafariz de Mestre Valentim (3).
Bem no meio da praça fica uma das mais belas obras de arquitetura do período colonial: o Chafariz (3) construído por Mestre Valentim. Ficava na frente do cais e, por suas escadas passaram a família Real e grandes autoridades da época e centenas de escravos vindos da África.
Hoje, depois de sucessivos aterros o Chafariz de Mestre Valentim se encontra bem distante do mar.
Bares, restaurantes e boa música, num dos pontos mais interessantes e divertidos do Centro do Rio.
Um pouco mais a frente, à direita, vemos um prédio branco com um grande arco. O Arco do Teles (4). O prédio foi construído pela família Teles de Meneses, na mesma época da construção do Passo Imperial.
Foi sede do Senado da Camara até que um grande incêndio destruiu tudo. O incêndio, de grandes proporções, mobilizou até o Vice-rei que correu para ajudar no combate ao fogo. O prédio foi reconstruído mas, hoje resta apenas um pedaço da fachada e o Arco.
Passando pelo Arco entramos na Travessa do Comércio com seu calçamento antigo e casario do século passado, ocupados, em sua maioria, por bares e restaurantes, alguns com música ao vivo.
Neste prédio, na Travessa do Comércio, 13, funciona o Restaurante e Karaokê Club Carmem Miranda. Aqui, a “Pequena Notável” morou com a mãe, que era dona de uma pensão de refeições.
Nas noites dos fins de semana as mesas, colocadas no meio da rua, lotam e transformam o local num ponto de encontro e descontração.
Cinco igrejas numa caminhada de 400m.
Igreja de N. Sra. da Lapa dos Mercadores (5)
Espremida entres os prédios antigos, a igreja foi construída por comerciantes e moradores da região por volta de 1750. Seu interior é belíssimo.
O curioso aqui é que, em 1893, durante a “Segunda Revolta Armada” contra atos do então Presidente Marechal Floriano, a torre da igreja foi atingida por um tiro de canhão, disparado por um navio de guerra. A Estátua de Fé, toda de mármore, que representa fé cristã, despencou da torre sobre uma casa e atravessou o telhado vizinho. Milagrosamente, sofreu pequenos danos na mão esquerda e na cruz que carrega. Hoje, estátua e projétil , estão expostos no Hall da igreja.
Igreja da Irmandade da Santa Cruz dos Militares (6)
O local onde se encontra hoje, era ocupado por um forte que foi desativado e em seu lugar ergueu-se uma capela onde o militares fundaram uma irmandade. Só em 1811, com a presença do Principe Regente, Dom Pedro I, foi inaugurada a Igreja que substituiu a antiga capela.
A igreja colonial possui o privilégio de ter sido agregada à Basílica Vaticana, desde 1923, pelo papa Pio XI.
Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo (7)
A igreja foi concluída e 1770 mas a torres só ficaram prontas em 1850. A fachada é única entre as igrejas coloniais do Rio de Janeiro por ser totalmente revestida com pedra. Os portais frontais e laterais com medalhões em pedra com a Virgem e o Menino, vieram de Lisboa. No interior esculturas de Mestre Valentim.
Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé (8)
Com a chegada da ordem Carmelita ao Brasil, por volta de 1590, foi inaugurada a pequena Capela da Ordem do Carmo. Só em 1761 foi construído o templo atual.
A Igreja foi palco dos mais importantes momentos da história do país. Em 1816 a Igreja ganhou novo sino e nova torre para aclamação de D. João VI como rei.
Mais tarde, foi palco da coroação dos imperadores D. Pedro I e D. Pedro II, e de todos os casamentos reais, como o da Princesa Isabel com o Conde D’Eu.
Igreja São José (12)
Sua origem é uma pequena capela erguida em 1608, chegou a ser Matriz e Sé do Rio de Janeiro, passou por várias obras e reformas e em 1842 foi inaugurada como conhecemos hoje. No arquivo da Irmandade, um do mais importantes da cidade, estão livros que pertenceram à confraria dos carpinteiros e pedreiros do Rio de Janeiro, a confraria de São José.
Centro Cultural Paço Imperial (9)
Ocupa o prédio do Paço Imperial, tombado pela Patrimônio Histórico Nacional. Recebe mostras de pintura, fotografia, escultura, cinema, música. O Paço tem uma biblioteca de arte e arquitetura – Biblioteca Paulo Santos além de várias lojas e um café/restaurante.
Construído no século XVI como residência dos governadores da Capitania do Rio de Janeiro, passou a ser a casa de despachos, sucessivamente, do Vice-Rei do Brasil, do Rei de Portugal Dom João VI e também residência eventual dos imperadores do Brasil.
Foi no Paço que, a 9 de janeiro de 1822, D. Pedro I decidiu ficar no Brasil e não voltar a Portugal – Dia do Fico. Também foi numa das salas do Paço que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, libertando os escravos.
Convento do Carmo (10)
Bem em frente ao Paço está o prédio que abrigou o Convento do Carmo. O prédio começou a ser construído em 1619. E ficava ligado ao Paço, através de um passadiço e encostado na Igreja de Nossa Senhora da Sé. Para abrir a atual Rua Sete de Setembro, uma parte da lateral do Convento foi demolida. Em 1958 um incêndio destruiu o prédio. Mais tarde, um moderno edifício foi construído mantendo apenas uma parte do antigo prédio do Convento.
Palácio Tiradentes (11)
Aqui fica a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. O prédio foi construído em 1926, no mesmo local onde antes ficava o parlamento imperial e a “Cadeia Velha”, onde eram abrigados os presos do período colonial e onde também esteve preso, por três anos, o inconfidente Joaquim José da Silva Xavier (o Tiradentes), enquanto aguardava a execução na forca.
Faça um tour virtual e conheça a belíssima arquitetura do Palácio.
Museu Naval e Oceanográfico (13)
Vamos seguir pela rua que passa entre o Palácio e a Igreja São José. Na próxima esquina, à direita, está o prédio centenário do Museu Naval.
Em seu acervo, modelos navais, obras de arte, canhões resgatados de navios naufragados, figuras de proa, medalhas e documentos históricos em uma exposição que ocupa sete salas do andar térreo.
A entrada é franca.
Retomar o caminho da Orla Conde em direção ao Museu Histórico Nacional, ponto final de nosso passeio. Mas, antes vamos dar uma rápida passada por um dos pontos mais importantes e que é considerado um marco da antiga cidade.
Um pedacinho do passado preservado na primeira via pública da cidade.
Neste lugar começava a subida para o Morro do Castelo e a cidade, recém fundada por Estácio de Sá, foi transferida para cá por volta de 1567. A Ladeira da Misericórdia (14) foi construída nesta época, mantém o calçamento original, em pé-de-moleque e é a rua mais antiga do Rio. Em 1878 haviam 11 prédios na ladeira. Em 1920 o Morro do Castelo foi demolido e serviu de aterro para uma boa parte do Caminho que percorremos na Orla Conde. A ladeira foi o único pedaço que restou do Morro.
Bem ao lado da Ladeira, está a igreja mais antiga do Rio. A história da Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso começa com a construção, em 1585, da Capela da Misericórdia. A Igreja como vemos hoje foi reconstruída em 1780.
A igreja guarda três retábulos e o altar da antiga Igreja de Santo Inácio que foi demolida junto com o Morro do Castelo. As peças, de 1620, são as maiores preciosidades artísticas do Rio de Janeiro: são os únicos da cidade e dos poucos do Brasil esculpidos em estilo maneirista, anteriores ao barroco, ainda conservados.
Chegamos a última parada de nosso passeio.
Museu Histórico Nacional.
Criado em 1922, é um dos mais importantes museus do Brasil. Reúne um acervo de mais de 348.515 itens, expostos em 10 exposições permanentes e outras exposições itinerantes. A exposição “As Moedas contam a História“, reúne a maior coleção de numismática da América Latina.
O conjunto arquitetônico que abriga o Museu teve como base o Forte de Santiago, na Ponta do Calabouço, um dos pontos estratégicos para a defesa da cidade do Rio de Janeiro.
Uma visita que vale a pena conferir.
Interessante.
Se tiver alguma sugestão ou queira saber sobre algum local do Rio é só escrever.
Abraço.
Interessante.
Em relação ao antigo Convento do Carmo, a informação relativa é que um incêndio o teria destruido em 1958, o que não é verdade. Houve confusão aí. O incêndio de 1958 destruiu o Convento do Carmo que ficava na Lapa, e não este antigo convento localizado na Praça XV.